Abri os olhos. Normal, só mais um dia. Domingo, sim, isso mesmo. Não preciso de acordar tão cedo… Talvez se dormisse mais uma horita…
Não consegui. Havia uma conversa a decorrer não muito longe. Num volume mais alto do que habitualmente se chamaria “normal”. Eram os meus pais. Estavam a planear onde fazer o almoço de aniversário. Uma tradição familiar, pelo menos na minha.
Boa, vamos ao leitão.
Todos atrasados, como sempre. Não me incomoda: simplesmente é tão certo como respirar; pelo menos na maior parte da minha família.
Finalmente chegámos ao restaurante. Bastante abafado lá dentro por causas dos fornos: o que sabe bem, não posso negar; está bastante frio lá fora; é Fevereiro.
Todos se sentam à mesa, dão os parabéns ao aniversariante, entregam os seus presentes, é pedido ao empregado que guarde o bolo no frigorífico e pede-se o almoço. Num restaurante cuja especialidade é leitão pede-se… Polvo à lagareiro! Pelo menos no meu caso: não sou muito fã de leitão… Se bem que perto de Fátima há um restaurante fantástico com um leitão divinal… Bom, o resto de família satisfaz-se com leitão.
Depois do empregado muito prestável nos trazer o bolo, cantamos os parabéns, distribuímos beijinhos e amor por todo o lado, comemos o bolo, paga-se a conta – verdade seja dita, calha sempre ao mesmo – e bazamos.
Isto realmente é um dia normal para mim… Bem, pelo menos quando há aniversários. Ir para um restaurante cantar os parabéns para ninguém seria bizarro.
Por isso mesmo deve ser compreensível o meu susto quando acordo e me lembro que é 14 de Fevereiro de 2010. O meu susto quando me apercebo que aquela realidade, aquele aniversário nunca aconteceu realmente. O meu susto quando me apercebo que este é um daqueles sonhos já catalogados de: “nunca irão acontecer”.
No final de tudo, só há mesmo uma coisa a acrescentar:
Feliz 87º aniversário que nunca vais poder comemorar, avô.
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